sexta-feira, 27 de junho de 2014

Eu vou morrer de Saudade

    Ela tinha um encontro no dia seguinte. Também tinha marcado de assistir ao jogo com sua amiga. Tinha ótimos motivos para dormir cedo e economizar dinheiro.  Pegou a carona depois do trabalho, querendo ir direto pra casa. Mas a primeira a ser deixada era a chefe, que ia pra balada, no Recife Antigo. Ela sempre preferiu os prazer imediatos, mesmo quando a diferença entre um e outro fosse de oito horinhas.

    O Recife Antigo é um bairro inteiro de festas - dentro dos bares, das boates ou simplesmente na rua. Ela adorava aquele lugar, mas fazia um século que não ia lá. Fechou os olhos e tentou focar nos bons motivos para ir pra casa. Na rádio, Tim Maia gritava "Não, não vá embora, eu vou morrer de saudade". Parecia até brincadeira. Ela tirou seu bloquinho da bolsa e, enquanto ria da sua própria indecisão, escreveu. Bobagens e nonsenses. 

Quando percebeu, estava em casa. 
Feliz por ter conseguido - Triste pela festa que perdeu.


Tereza Eickmann